Sexta-feira, 4 de Setembro de 2009

foram espinhos contra rosas

 

Ontem, a notícia – ou melhor, a "notícia" – do dia foi a suspensão do Jornal Nacional da TVI, edição de sexta-feira, por parte do grupo Prisa que agora detém a Média Capital e, consequentemente, os destinos do canal. Porém, a notícia que querem fazer correr é o envolvimento do primeiro-ministro José Sócrates, ou do Governo, ou do PS, nessa mesma decisão. Ora, não tendo eu por hábito escrever muito sobre política, estou estupefacto perante o estado em que chegou a nossa politiquice tão portuguesa. Mais boquiaberto fiquei com as proporções que este caso está a ter e, pelos vistos, ainda vai continuar a ter. Principalmente depois de ouvir as reacções dos partidos de oposição que além do natural aproveitamento politico inerente, ainda tiveram a grande lata de baterem com a mão no peito que nem beatas de sacristia como se não devessem ou nunca tivessem prevaricado. O que me causa mais estranheza em tudo isto é esta tão remota possibilidade de que isso possa realmente ter acontecido. Caso Sócrates tivesse realmente influenciado essa decisão, seria contraproducente fazê-lo perante a iminência de tudo isto há muito estar para acontecer. Convenhamos que após o afastamento do Sr. Moniz da TVI, o lugar da Sra. Guedes esvaziou-se por completo. E só mesmo uma mente muito retorcida não consegue ver isso. Mas a oposição e certa imprensa preferem continuar a tapar o sol com a peneira. O problema nunca foi a competência da apresentadora mas sim a complacência do director que – vejam só! – é seu marido. Será isto o tal tráfego de influências? Tem graça, é mesmo. Sem dúvida que existem coisas por explicar no dossier Freeport mas também não deixa de ser verdade que o que está por apurar não deve implicar o primeiro-ministro só porque a Sra. Guedes junta com a sua partner Ana Leal assim o desejam. Com culpa ou sem culpa, existe um caso fabricado: tanto partidário como sectário. Só que o timing de tudo isto também daria pano para mangas.
 
Curiosamente, os casos mais mediáticos sobre interferência de interesses nos conteúdos editoriais dum jornal passaram-se precisamente no tal Jornal Nacional das sextas-feiras. Primeiro foram os patins ao Marcelo Rebelo de Sousa e depois foram as mordaças ao Miguel Sousa Tavares. Um foi pregar para outro canal, o outro vendeu os direitos do seu romance em troca desse silêncio amordaçado. Todavia, como quem anda à chuva molha-se, a Sra. Guedes não evitou um balde de água fria despejado pelo Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, em pleno directo. No jornal da Sra. Guedes não se falava apenas de supostos processos de justiça. Bem pelo contrário, aplicava-se logo ali a justiça – ou melhor, a “justiça” – condenando quem se queria condenar. Não estou a dizer que Sócrates foi uma vitima mas nunca pode ser culpado antes de ser julgado quando ainda por cima nem sequer é arguido. Sim, existe tráfego de influências na política, obviamente – mas estou em crer que em nada se compara com a intoxicação da opinião pública. Nem as novelas da TVI conseguem ter enredos tão bem ficcionados. A Sra. Guedes só se mantinha no leme da informação da TVI porque o marido era o comandante do barco e não por méritos próprios porque no decorrer do seu percurso acabou por se desnortear do seu código deontológico. A quem é que tudo isto interessa? Faço uma pequena ideia mas ao mesmo tempo penso que não foi uma grande ideia. Tenho pena que dê que falar e lamento ainda mais que até possa influenciar. O tal jornal das sextas-feiras não acabou, apenas mudou, e provavelmente para melhor. Assim o espero. Creio que foi tão-somente uma decisão de bom gosto. A Sra. Guedes tem dinheiro e não precisa do seu jornalismo para nada e nós também não. Foi mau enquanto durou mas finalmente acabou. Além disso, aquele seu ego nunca coube na televisão. Não foram cardos nem foram prosas, foram espinhos contra rosas (!)
 
Um abraço...
shakermaker
 
para ver: While She Was Out » K.Basinger
para ouvir: My Big Mouth por Oasis em Be Here Now (1997)
blogjob por shakermaker às 00:00

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18 LINCHAMENTOS:
De Manefta a 5 de Setembro de 2009 às 13:56
Ora viva!

Pois claro, é mais um caso de verdadeira comédia portuguesa, ou palhaçada. Tenho para comigo que aquele tipo que apresentava o batatoon há uns anos atrás com voz de aguardente seria uma óptima escolha para substituir a dona Nela.
Mas afinal a moça que o fez continua a falar no gordo, no Sócrates, nos envelopes, maneiras que não houve qualquer censura.
Isto a páginas tantas uma mulher fica confusa com tanta voltinha no carrossel, será que o Branco Aguiar está recordado do sotor Marcelo?
E o Vasco Pulido terá consciência que agora não tenho o que não ver às sextas feiras?
Quanto a dona nela, não gosto dela, e não durava 3 horas na Ribeira. Sempre achei incríveis o marido, a esposa e um telejornal que mais parecia um talk show da Fatima Lopes depois de parir os seus 20 filhos, mas pela boca ( desculpem lá a alusão a outro canal ) à conta de “jornalistas” como a dona Nela é que a liberdade de expressão por que tantos lutaram, se tornou num dado adquirido e constantemente e porcamente citada para encobrir agendas políticas, pessoais e faltas de profissionalismo e zelo profissionais.
Quantas vezes se fazem noticias sem confirmação sem averiguar se as fontes são legitimas e insuspeitas? Andamos aqui a ouvir os recadinhos deste para aquele e daquele para o outro mas tudo disfarçado por um bailinho, que também pode ser da madeira, porque não, e com um sorrisito porque somos tugas e podemos falar das coisas assim um pouco a dar no mais ou menos que a malta percebe.
O Marinho até subiu um bocadito na minha consideração, se bem que ainda não tenho bem certeza que não gosto dele. O homem tem um pouco aquela coisa do dizer tudo como os malucos...mas eu se calhar também dava em maluca.
Talvez a dona Nela descubra uma carreira na musica, e dê uma de pseudo Zeca Afonso e até faça as pazes com o Marinho e resultem no Duo Opinião Maravilha, era bonito e já nos falta esse cromo na cardeneta.
O fósforo,ora o fósforo pode ser riscado sem ser queimado, e usado sem ser esgotado.
E que jeito me fazia um agora, para acender o meu cigarro.

Beijos e Abraços,
Manefta
De pitecos a 6 de Setembro de 2009 às 12:12
Não não!.. espero para bem da pátria, que a a Manelinha volte para onde nunca devia ter saido...o Parlamento.
De http://shakermaker.blogs.sapo.pt a 8 de Setembro de 2009 às 20:52
Ora viva!

Ok amigo Zé, mas lá está: desta vez vai retomar o seu lugar no CDS ou vai ocupar um novo no PSD?!

Por mim, prefiro que volte a gravar um disco.

Um abraço...
shakermaker
De http://shakermaker.blogs.sapo.pt a 8 de Setembro de 2009 às 20:24
Ora viva!

Pois é Manefta, tem toda a razão: está tudo doido!
Só nos faltava agora O Gordo para compôr o ramalhete. Enfim, faz falta animar a malta.

Ah, Ok
Já percebi essa do fósforo e rima e tudo e tudo.

Um abraço...
shakermaker

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