Segunda-feira, 27 de Julho de 2009

todos juntos somos mais

 

Não deixa de ser irónico que fiquemos tão irritados perante uma confusão. Porém, teimamos em querer fazer parte dela. Uma das principais razões porque isso acontece tem a ver com a nossa predisposição para celebrar os acontecimentos ao mesmo tempo. Faz parte da natureza humana pois somos animais gregários. Temos de passar a tarde de sábado enfiados numa fila de trânsito porque os outros querem ir ao mesmo tempo para o mesmo centro comercial que nós. Mas devemos adorar pois por vezes até apitamos a buzina como se estivéssemos a celebrar. No Verão, podemos até escolher uma praia solarenga e vazia só para nós, que mais tarde ou mais cedo percorremos a costa até encontrarmos uma baía atulhada de gente a falar e com miúdos a gritar. Mas só nessa altura nos queixamos furiosos da falta de privacidade e do lixo na areia. Sempre que se aproximam o Natal e a Páscoa, chegamos a jurar que não vamos jantar a casa de ninguém e que nesse ano queremos estar sossegados no nosso lar. Todavia, por vezes parece que todos os outros resolveram ir passar o Natal ou a Páscoa à nossa terra, em casa de familiares que até devem ser vizinhos dos nossos. Entre festas de aniversário, comícios políticos, concertos de estádio, etc., amontoamo-nos sempre que podemos. Isto porque, quando as pessoas podem fazer o que lhes apetece parece que fazem todas o mesmo! Por mais irreais, excêntricos, ou extravagantes, que possam ser os nossos pensamentos quando estamos sozinhos, assim que estamos acompanhados esses pensamentos convergem. É como se os outros soubessem também o que estamos a pensar – os nossos desejos mais íntimos.
 
Até mesmo naquelas coisas mais banais do nosso quotidiano como escolher a roupa que vamos vestir é por demais evidente que, apesar do nosso gosto pessoal, pomos quase sempre o olho naquilo que toda a gente também veste. O mesmo acontece quando estamos num restaurante: olhamos para a mesa do lado e vemos numa travessa algo que nos deixa com água na boca: daí a pouco estamos a pedir o mesmo. Por estas e por outras razões é que existem os pratos do dia, os saldos, os self-services, e um sem número de coisas e serviços concebidos para satisfazer os desejos das multidões – onde eu e você estamos lado a lado, claro está, fazendo as mesmas coisas. Vendo bem, as auto-estradas só existem para nos levarem a um determinado lugar para onde meio mundo também vai. Só que na viagem de regresso pode crer que todos regressam consigo! Da mesma maneira que as filas servem apenas para nos manter no caminho certo pois um rebanho tresmalhado vai sempre pelo caminho errado. Em qualquer sociedade, haver confusão é tão fundamental como haver quietação social –  ambas coexistem. Ora, os políticos sabem-no, as estatísticas comprovam-no e a matemática confirma-o: todos juntos somos mais. Por exemplo, as orgias não acontecem por caso: dois casais chegam a um motel, reservam para cada um quarto mas um erro do recepcionista pode dar-lhes chaves iguais. Talvez não valha a pena voltar atrás e reclamar pois mesmo que tenha sido apenas uma infeliz coincidência, há sempre o risco de não haver outros quartos vagos. Logo, podem aproveitar para se conhecerem melhor porque, afinal, mais fila menos fila, acabamos todos por ser aviados (!)
 
Um abraço...
shakermaker

 

para ver: Chaos Theory » Ryan Reynolds
para ouvir: All At Once por Jack Johnson em Sleep Through The Static
blogjob por shakermaker às 00:00

ISOLAR POST | RECOLHER POST
De SÉQUITO & MÓINAS a 28 de Julho de 2009 às 14:54
Diz-se fila ou bicha? lol
De http://shakermaker.blogs.sapo.pt a 31 de Julho de 2009 às 09:56
Ora viva!

Que fixe, um anónimo!

Olhe, eu prefiro dizer fila, é menos espalhafatoso.

Obrigado e volte sempre mesmo no anonimato!

Um abraço...
shakermaker
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De
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