Terça-feira, 3 de Fevereiro de 2009

presos pelo nariz

 

Os odores mais atraentes não têm nome. A sua atribuição deveras impossível quase nos embriaga. Para além do perfume maravilhoso de que nos sentimos envolvidos, de repente, os odores acrescentam o enigma da sua fonte. Não se sabe onde nasce a sua fragrância, nem como se mistura o seu aroma. O odor das ervas secas não nos diz de que relvado nem de que ancinho provém. Os eflúvios do café que emanam pela tampa duma cafeteira dependem de tantos grãos que nunca se saberá ao certo quantos grãos são necessários para repetir o mesmo odor. E estes odores compõem-se entre eles para além de cada percepção individual ou colectiva. Dos frutos maduros até aos frutos demasiado maduros, a fronteira odorífica não demarca um limite brusco. A veemência – imemorável e no entanto depositada em nós, fora de qualquer linguagem ou compreensão – dos odores que surpreenderam numa longínqua infância e que às vezes regressam como um desejo na idade adulta. Com o passar do tempo, o nosso olfacto fica mais apurado e deveras apaixonado com os cheiros de tudo e de todos, quer cheire bem ou quer cheirem mal. Podemos virar um caixote de lixo de pernas para o ar se no meio das sobras houver um odor que nos agrade ou entre os detritos estiver o cheiro que nos enoja. É que tudo tem um odor, seja nauseabundo ou perfumado, que nos deixam presos pelo nariz. O odor é, talvez, um dos mais eficazes inebriantes existentes. O amor é, antes de tudo o resto, amar loucamente o odor do outro.
 
Um abraço...
shakermaker
 
para ver: Scent Of A Woman » Al Pacino
para ouvir: The New Pollution por Beck em Odelay (1996)
blogjob por shakermaker às 00:00

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