Segunda-feira, 4 de Fevereiro de 2008

a antecipação da razão

 

Não obstante, apoiar-se numa qualquer experiência do passado, recente ou não, para gerar desconfiança em relação aos demais é algo que qualquer um de nós pode fazer. Aliás, nem é necessário nenhuma experiência mais amarga por que passámos para criarmos conflitos com os outros. Mesmos quando nos convencemos de que tudo o que nos acontece é mau e que aos olhos do outros vamos de mal a pior. Na verdade, é fácil gerar uma boa dose de desconfiança em relação ao próximo se nos propusermos a fazê-lo sem apelo nem agravo. De certo já lhe ocorreu que alguém tenha gritado aos seus ouvidos sem nenhum motivo aparente. Ora, sempre que isso lhe suceder, tente sobretudo não procurar nenhuma razão para o sucedido e assuma de antemão as culpas inerentes a essa repreensão. Essa atitude proporcionar-lhe-á uma boa dose de irritação que deverá direccionar para a primeira criatura, humana ou não, com que se cruzar. Então, descarregue e antecipe a razão (!)

 

Para perceber como tudo isto funciona (pouco): vamos supor que está no seu emprego, num escritório, por exemplo, e que precisa de agrafar umas folhas. Embora tenha um agrafador, o mesmo não tem agrafos e decide pedi-los a um colega que esteja próximo. Contudo, fica irresoluto por uma dúvida: – E se não mos empresta? É que hoje de manhã nem sequer me cumprimentou ao chegar... Talvez esteja distraído... Ou então não queria mesmo cumprimentar-me... Será que está chateado comigo? Mas eu não lhe fiz nada! Se alguém me pedisse agrafos, eu dava-lhos. Como pode alguém recusar fazer um favor tão simples como um pedido duns míseros agrafos? Será que vai pensar que dependo dele só porque lhe estou a pedir um mero favor? Então, no meio de todas estas incertezas e inseguranças, cabe-lhe agora a si pôr em prática a antecipação da razão, dirigindo-se ao seu colega: – Não preciso da merda dos teus agrafos meu porco egoísta! Por mim, até os podes meter pelo cu acima (!)

 

Vendo bem, não só nem é necessária qualquer razão mais específica para provocar o seu semelhante, como dessa forma conseguirá gerar uma maior desconfiança para com este e assim aumentar o seu mau humor. Não precisa de qualquer bom argumento para o fazer porque a carga negativa dos seus desaforos trataram de fazê-lo sentir-se pessimamente. É possível que a sua vítima se sinta desconcertada e até se mostre meio engasgada perante a sua bestialidade mas não faça caso das suas declarações de inocência ou respectivos pedidos de clemência. Lembre-se que quem não deve também não teme e que se lhes der ouvidos estará a demonstrar a sua fraqueza. E nós não queremos isso, pois não? Quer, ou não quer, ser uma grande besta? Se insistir nesta prática, libertar-se-á rapidamente de todas as coisas negativas na sua vida: as quais conspiram contra si. Para cada causalidade, encontre logo o seu respectivo culpado. Seja bronco quanto bruto e bera como uma besta (!)

Um abraço...

shakermaker

para ver: WeOwnTheNight » Robert Duvall
para ouvir: If I Had Eyes por Jack Johnson em Sleep Through The Static
blogjob por shakermaker às 00:00

ISOLAR POST | RECOLHER POST
De cigana a 4 de Fevereiro de 2008 às 23:22
Ok, pronto, já entendi! Não precisa da merda dos nossos comentários, não é? E também já sabemos onde os enfiar, obrigada!
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