Terça-feira, 27 de Março de 2007

os viriatos

 

Não percebo porque ficou o país surpreendido com a vitória de Salazar no concurso Os Grandes Portugueses. Vamos lá ver uma coisa: já não existe Estado Novo nem sequer Antigo Regime, logo a nossa democracia e liberdade não está em causa. Agora, porque é que foi o Salazar que ganhou e não outro qualquer português que tenha figurado na nossa história? Se não sabem, eu digo. Porque o custo da mensagem, vulgo sms, para votar era muito baixo. De facto, votar por € 0,60 + IVA é ridículo! Se queriam que outro dos nomeados ganhasse, então manteriam os tais € 0,60 + IVA para esses mesmos nomeados e aumentavam para € 60 + IVA o custo da mensagem de voto para o Salazar.

 

Parece simples, não é? Pois é, mas a direcção da RTP não se lembrou disto e agora está a par com uma bronca dos diabos! Com esta coisa d`Os Grandes Portugueses, a RTP deu uns quantos tiros nos próprios pés em plena comemoração do seu quinquagésimo aniversário, ainda por cima. Apesar de António de Oliveira Salazar ser apontado como um ditador autoritário dum regime fascista, isso não o impediu de ganhar esta espécie de eleições. Aliás, Salazar conseguio ser eleito democraticamente mesmo sem a ajuda da sua tão querida PIDE/DGS e ainda para mais estando morto e enterrado. Pela primeira vez na sua vida, ou melhor, na sua morte, Salazar ganhou uma votação e nem sequer teve oportunidade de fazer a sua própria campanha.

 

Bem vistas as coisas, estou em querer que há muita gente que gostava de Salazar por causa das suas acções em relações internacionais. Isto porque, dizem os historiadores, o nosso ditador tinha muito jeito para a política externa, nomeadamente com outros fascistas seus amigos. É um pouco como o nosso futebol: lá fora a nossa selecção faz brilharetes mas cá dentro os nossos clubes fazem trafulhices. Ao passo que Salazar dizia: orgulhosamente sós, já o nosso primeiro-ministro Sócrates prefere pensar: humildemente ao molho. Ou seja, ainda há quem prefira um ditador fascista e austero a um primeiro-ministro socialista e pouco cumpridor. É claro que o Sócrates tem apenas dois anos de governo mas a governar desta maneira, este mandato socialista mais parecem os quase quarenta anos em que Salazar governou.

 

Sim, estou a exagerar, tal como alguns portugueses o fizeram nos últimos dois dias. No domingo, uns exageraram por demais ao votarem no Salazar e ontem, segunda-feira, outros tantos portugueses exageraram na análise do sucedido. A estes: não se preocupem, o homem está morto! E os que nele votaram, de facto estão vivos mas os seus neurónios também estão mortos. Descansem os que pensam que ainda existem os célebres viriatos, os tais meninos bem comportados que eram moços de recados do seu querido ditador. A sério, talvez tenham sido apenas um ou dois viriatos com saldo a mais nos telemóveis e com saudades dos tempos da Mocidade Portuguesa.

 

Além disso, e mesmo que os portugueses tenham dado um claro sinal de desalento para com este governo, não é preciso esperarmos que Sócrates caia da sua cadeira para abandonar o governo, tal como sucedeu com Salazar. Basta para tal que não votemos no actual primeiro-ministro nas próximas legislativas. Sim, porque nós, surpreendidos ou mesmo aborrecidos, vivemos em plena democracia e liberdade. Se tal não fosse, não seria possível o Salazar ter ganho um escrutínio de votos num programa de televisão. Ora, na verdade, Os Grandes Portugueses foi apenas um programa de entretenimento e foi isso que os portugueses fizeram. Entretiveram-se, claro está. – Deixa-me cá mandar uma sms para votar no Salazar só para os chatear. Eu bem disse que o raio daquelas mensagens eram baratas demais!

 

Um abraço...

shakermaker

 

para ouvir: Sunday Bloody Sunday por U2 em War (1983)
para ver: The Thin Red Line » T. Malick
blogjob por shakermaker às 00:00

ISOLAR POST | RECOLHER POST
De Rodrigo Sotto a 27 de Março de 2007 às 10:33
Grande Shaker, retiro o q disse. Tu não és maluco mas sim doido, assim é q está correcto. Doido varrido, aliás. Abraço
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